CLAUDIO SCHAPOCHNIK
Enviado a Essen/Alemanha
Complexo mineiro, trilhos, chaminés, ferramentas leves e bem pesadas, longos circuitos de esteiras, colunas e vigas de aço, concreto, passarelas aqui e acolá… E integrante da lista de Patrimônio Mundial da Humanidade da Unesco? Sim. É a antiga mina de carvão Zollverein, que operou entre 1851 e 1986, localizada na cidade de Essen, no vale do rio Ruhr, no Estado da Renânia do Norte-Vestfália (noroeste do país). Além de ser uma visita impressionante, relembrei, in loco, minhas aulas de história no colegial (hoje Ensino Médio) – quando aprendi sobre o processo de industrialização alemã realizada neste vale nos séculos 19 e 20.
O Vale do Ruhr, que compreende algumas cidades, é a região metropolitana mais populosa do país e também a maior região industrial da Europa. O carvão mineral, também conhecido como “ouro negro”, foi o principal combustível da industrialização realizada na região.
O que também me impressionou é que o complexo mineiro, depois que foi desativado, em 1986, não foi abaixo. Pelo contrário. Está todo preservado justamente para mostrar às pessoas, do país e do Exterior, o quão importante foi Zollverein para a Alemanha se tornar uma potência industrial em nível mundial.
Em cima da estrutura original da mina e das instalações foi aplicado todo um projeto museológico. Esta aí, sem dúvida, o fato maior de Zollverein: a de ir além de preservar o passado.
Isto engloba diversas atividades de lazer e cultura realizadas no local ao longo do ano para cerca de 1,5 milhão de visitante anuais. Tudo sob o comando da Fundação Stiftung Zollverein, criada em 1998.
BRITADEIRA DE 15 QUILOS
Até 1986, o ano de desativação da mina, Zollverein tinha produzido a incrível marca de 240 milhões de toneladas de carvão mineral. Para alcançar este fantástico número, na mina trabalharam mais de 8 mil mineiros dia e noite em condições muito, mas muito mesmo, pesadas.
Esta é a primeira parte da visitação, a que mostra quem eram os mineiros, quais eram as suas roupas e ferramentas e como era trabalhar horas seguidas sem ver a luz do sol. Há fotos e filmes de época que mostram este cotidiano.
Entre as ferramentas expostas há uma britadeira, utilizada para “debulhar” as paredes de carvão mineral, que pesa 15 quilos. Há ainda outras que chama a atenção pelo tamanho – estas posso afirmar que são de Itu – município paulista famoso por ter “tudo grande”.
“SOM INDUSTRIAL”
Zollverein garante ao visitante um passeio que trabalha quase com os cinco sentidos – exceto o paladar. Além do mais óbvio, a visão, o tato, a audição e o olfato também podem ser sentidos por lá.
O tato pode ser sentido logo na entrada, exclusivamente para os cegos. Uma maquete do complexo mineiro é todo dedicado a este público, com explicações em braile. A Alemanha é um dos países que mais respeitam o acesso universal aos equipamentos públicos, sejam culturais ou não. Para os cadeirantes, a vantagem é que praticamente todo o circuito é feito em piso liso e há elevadores também.
Em relação à audição, há uma parte da mina onde o carvão era colocado em pequenos vagões de carga. Neste momento, o guia que acompanha o grupo de jornalistas do qual fiz parte aperta um botão e você ouve o barulho daquele local ativo. Incrível e interessante, apenas por alguns segundos. O som é mais pesado que heavy metal…
O olfato pode ser sentido pelo cheiro que exala do carvão mineral, de borracha das esteiras de transporte do produto e de outros que formam um “aroma industrial”. Não dá para virar perfume, pois não há apelo comercial. Só estando lá para sentir a singular fragrância.
O ponto alto, literalmente, da visita às antigas instalações está a 45 metros de altura: o ponto mais alto aberto ao público, que pode ver toda a extensão do complexo em um grande terraço a céu aberto.
O passeio pela antiga mina de Zollverein vale muito a pena. Imperdível!
MUSEU DO RUHR
Instalado no mesmo complexo mineiro, outra visita “obrigatória” é no Ruhr Museum. Muito bem organizado, assim como a antiga mina, a instituição abriga uma enorme coleção disposta em vários setores, com mostras permanentes e temporárias.
É um complemento, em um aspecto, da visita à mina, já que também reúne objetos ligados ao tema. Mas há muito mais, pois mostrar a história da região do Vale do Ruhr desde milhões de anos atrás.
Minha visita ao museu foi muito rápida. Uma pena. No entanto, pelo que vi, também o recomendo.
SERVIÇO:
Atração: www.zollverein.de
Museu: www.ruhrmuseum.de
Cidade: www.essen.de
País: www.germany.travel
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