O estado do Rio Grande do Sul já é muito conhecido pelos roteiros turísticos, históricos e até gastronômicos. Mas, nesse post vou te contar sobre a nova rota de Cozinha de Natureza no Rio Grande do Sul.
Cozinha de Natureza em Rio Grande do Sul? Na verdade, acredito que essa é a ” primeira vez” que um blogueiro – nesse caso eu (@albertogmartins) ! – traça uma rota específica para seguir os sabores e influências do premiado chef Rodrigo Bellora, que desde 2010 vem reinventando a gastronomia gaúcha e valorizando os pequenos produtores, localizados num raio de 100Km de onde estão seus restaurantes próprios ou aqueles que assina o cardápio e comanda com maestria a cozinha.
Então se você anda numa pegada slow travel, slow food, já deixa salvo esse post e programe-se para desbravar a mais nova rota rio-grandense. Você vai se encantar e valorizar outros aspectos quando escolher novos restaurantes para conhecer e saborear uma refeição mais justa e inspiradora.
Post especial do @albertogmartins para o TurismoEtc!!
Cozinha de Natureza
Porto Alegre: o ponto de partida da Cozinha de Natureza
Se você está indo de outro estado, muito provável que chegará no Rio Grande do Sul por Porto Alegre, a capital do estado. Não se demore e pegue a estrada rumo a Caxias do Sul para a primeira parada. A ótima estrada e os 110 km que separam POA de Caxias serão muito bem recompensados.
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Caxias do Sul: porta de entrada para nossa rota
Apesar de ter aeroporto próprio, Caxias não tem muita frequência de voos. Além disso, sua localização quase sempre é impactada pelo clima e os voos para lá acabam sendo desviados para Porto Alegre, quando não cancelados. Os gaúchos até brincam que o aeroporto de Caxias do Sul é o maior do mundo: começa em Caxias e termina em Porto Alegre.
Uma ótima dica de hospedagem é o Intercity Caxias do Sul, que tem infraestrutura completa e está localizado a 10min do aeroporto (se você der a sorte de conseguir pousar na cidade é um achado). Outras redes, como a Blue Tree e a Accor também têm empreendimentos por lá.
Deixe as malas no hotel e siga para o Fellow’s Gastropub a tempo de curtir a happy hour. Com dois anos de existência e cardápio assinado pelo chef Bellora desde maio/21, esse pub, que funciona numa antiga fábrica de pipas de vinho, já caiu nas graças dos locais por conta de suas cervejas artesanais e gastronomia de primeira, claro.
Dez torneiras automatizadas liberam as cervejas ao gosto do cliente, bastando passar sua comanda no leitor. O bacana é que você paga exatamente pela quantidade de mililitros servida, sem a necessidade de encher o copo e não gostar do tipo escolhido. Repare que na tela da chopeira estão algumas dicas de harmonização com as comidas do cardápio. E isso faz toda a diferença quando os sabores se juntam e explodem na boca.
Eu experimentei a croqueta de bochecha bovina com molho de uvaia picante, o bolinho de batata doce e porco com molho de kimchi e mel, e o carro-chefe da casa, o Rústico Burguer (pão de fermentação natural, blend de 150g de carne, queijo colonial, bacon, cebola carameliza e barbecue de beterraba). Aprovadíssimos!
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Farroupilha: surpresa vizinha
A menos de 15km de Caxias, está o Guaraipo Bar e Cozinha, aberto em 2019 e que traz um ambiente moderninho com cara de restaurante cosmopolita. Coladinho no Holiday Inn Express, é o endereço certo para almoço, happy hour ou jantar. A carta de drinks – entre autorais e clássicos – convida para uma experiência sem pressa. Uma pena que fecha entre almoço e jantar, porque senão daria pra ficar facilmente o dia todo por ali degustando cada uma das delícias do menu sazonal.
Estive lá para jantar e abri os trabalhos com o Penicillin, que leva whisky, suco fresco de limão, xarope de gengibre, mel de abelhas nativas e defumado com canela. Para acompanhar, Churras: linguiça artesanal, pão brioche com creme de alho e vinagrete crioulo. Uma explosão de sabores pra devorar numa bocada!
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O Carbonara aqui leva “Autoral” como sobrenome. O chef Bellora descontrói o clássico e mais uma vez arrebenta na harmonização: espaguete fino, bacon, pancetta, queijo colonial, ovo, gema curada e pimenta preta para finalizar. Os tradicionais até podem tentar fazer bico para esse prato de assinatura, mas só vão perder tempo.
Na sobremesa meu coração balançou entre duas opções: Colmeia e Pien. Confesso que até abri uma rápida enquete no Instagram para pedir ajuda aos meus seguidores, mas foi a simpática garçonete Caroline quem me tirou a dúvida. Fui de Colmeia e acertei na mosca, ou melhor, na abelha!
Já na apresentação essa sobremesa ganhou meu coração: uma caixa de madeira utilizada para formação das colmeias das abelhas nativas envolve o bolo de mel com especiarias, curd de limão, creme de kefir com chocolate branco, toffee de mel queimado e pólen. Fiquei tão empolgado com tudo que até esqueci de tirar foto com o toffee, que é colocado por último, já na hora de degustar mais uma combinação inusitada de ingredientes. Veredito final: melhor sobremesa que comi nos últimos tempos!
Cozinha de Natureza
Bento Gonçalves: troque o vinho pela kombucha
Se você estiver programando uma viagem pelo Vale dos Vinhedos, vai ficar ainda mais fácil de conhecer a Tubuna Cultura Gastronômica, uma padaria/mercearia/pizzaria/cafeteria/galeria mais novo celeiro de criações do Rodrigo Bellora. Aberta em 2021, serve de um nada simples pão na chapa até pizzas napolitanas de fermentação natural (a partir das 17h). Sanduíches, empanadas e tudo mais que uma padaria que valoriza a matéria-prima deve ter. Um sonho? Tem também.
Seja para o café da manhã, almoço executivo (pergunte pelo prato do dia) ou o lanche no fim da tarde, parar ali indo ou voltando de algum passeio pela região é pedida certa.
Eu experimentei muitas delícias: do Sanduíche Tradicional (pão tubuna, queijo colonial, tomate e salada com salame), passando pela empanada de carne e azeitonas pretas (com aquele gostinho de assada na lenha delicioso!), chegando até a pizza de costela (massa, molho, queijo, costela e mel de abelhas nativas). Não resisti ao sonho de creme e, claro, tive que provar o croissant acompanhando de doce de leite VR (tradicional doce de leite do Valle Rustico feito de leite integral) e o cookie.
Para beber, a carta de drinks autorais manda bem também. Fui de drinque da casa, o Tubuna: whisky da serra, limão e hidromel. Refrescante na medida certa! Mas é atrás do balcão principal que fica um dos destaques entre as bebidas: a kombucha produzida pelo próprio chef Bellora.
Guardadas em galões como vinho em barricas, as estrelas têm sabor de limão e gengibre ou morango. Tudo natural, sem conservantes, como os vinhos que ficam na geladeira prontos para serem degustados caso você não siga minha recomendação inicial 😉
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Garibaldi: onde tudo começou
Há cerca de 14 anos, Rodrigo Bellora começou a transformar uma antiga propriedade da família, localizada no interior de Garibaldi, em seu laboratório gastronômico. As pizzas que hoje são servidas na Tubuna, na verdade tiveram ali, no que hoje é o Valle Rustico, sua origem raiz.
Funcionando somente para jantar de terça à sexta e no almoço aos sábados e domingos mediante reserva (imprescindível!), o restaurante de menu degustação do chef Bellora é muito mais que premiado: é uma autêntica e imersiva experiência na cozinha de natureza.
A horta própria traz sabores e aromas únicos aos pratos, que regularmente são atualizados respeitando a sazonalidade das espécies e ingredientes utilizados na elaboração.
Quando estive no Valle Rustico, em novembro/21, o menu degustação incluía nove etapas + couvert.
Preparados? Vamos lá!
ALCACHOFRA – Alcachofra colhida no Valle, com molho de vinagre balsâmico e azeite, para comer despetalando até chegar no coração
COUVERT – Pão de fermentação natural da TUBUNA, servido com banha de porco moura temperada com pó de alho negro, pó de cogumelo e pó de fermentados.
PRIMEIRO PRATO – Caldo verde da colônia, com pancs e presunto cru de 30 meses de maturação
ENTRADA TRIO DE SNACKS
- Croqueta de bochecha bovina, araçá picante e roseta
- Pururuca de porco (couro de porco desidratado e frito), tutu de feijão fradinho, vinagrete de feijão moyashi, finalizado com couve e gema de ovo curada
- Patacones (banana verde frita), com creme de abacate, tomate desidratado, picles de cebola roxa, flor de coentro e pó de alho negro
SEGUNDO PRATO – Nhoque de pinhão (sem glúten), salteado na manteiga de ervas, molho de tomate fermentado, tupinambu, finalizado com lardo
TERCEIRO PRATO – Socarrat (mini arroz integral, arroz vermelho, arroz negro), base de cogumelo shimeji, coalhada de kefir, cogumelo paris, shitake e açaí juçara
QUARTO PRATO – Lombo de cordeiro com purê de cenoura, cenoura fermentada, cenoura laqueada na calda de laranja, granola salgada e finalizado com folha de cenoura
QUINTO PRATO – Quirera de milho crioulo, demi de gado (molho a partir da cocção de ossos a aparas de gado), costela de gado assada em temperatura baixa, vinagrete de abobora cabotiá, finalizado com flor de capuchinha e mostarda roxa repicada
PRÉ-SOBREMESA – Sorbet de caqui, finalizado com matcha de erva mate
SONHO PERFEITO – Carolina, recheada com curd de limão bergamota, sorvete de nata, pó de cítricos e creme inglês de chocolate branco
Você pode optar pelo jantar harmonizado ou escolher o vinho na excelente carta que, claro, traz os rótulos gaúchos como destaque, mas não só. A atmosfera do lugar, rústica como o nome, garante o charme para aquela refeição com pessoas especiais, desconectada do mundo fora do portão e sem pressa de acabar.
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Cozinha de Natureza
Subindo a serra. Próxima parada: Gramado
Os próximos 110km que separam Garibaldi de Gramado serão fundamentais para processar todos os sabores provados até aqui. A bela estrada conduz a uma região gastronômica por natureza, predominantemente europeias, mas o foco continuará ser alimentar-se bem respeitando a cadeia de produção, a natureza e, principalmente, seu paladar que ganhou um upgrade até aqui.
Hospedar-se no hotel Wood Gramado, da coleção Casa Hotéis, é fundamental para uma imersão na cozinha de natureza do chef Rodrigo Bellora. Não só pelo menu do restaurante, que abre somente para jantar, mas também pelo café da manhã e mimos servidos no apartamento. Tudo ali é preparado na cozinha do hotel, com toda qualidade que já te conquistou até agora.
No Wood Lounge Bar & Restaurante, numa primeira visita, eu recomendo começar pelo menu degustação, sinalizados no menu como Wood Classic ou Wood Season. Já pensado para ser compartilhado por duas pessoas, com porções bem servidas, ambos trazem os carros-chefe do cardápio sejam os sazonais ou permanentes. Se preferir apenas petiscar, harmonizando com os ótimos drinks autorais do bar, a seção “para comer com as mãos” traz ótimas opções. Pra mim, o Pintxo Mata de Araucárias (fatia de focaccia com lâminas de vazio, coalha seca, cogumelos frescos, chimmichurri, tomatinhos, folhas amargas e legumes fermentados) é sempre irresistível.
O café da manhã é servido até as 11h e além do buffet traz um menu à la carte de salivar. O brioche com ovo mollet é o meu preferido e também o mais pedido entre os hóspedes. Mesmo que você não esteja hospedado, vale pagar para começar bem o dia e, obviamente, sem pressa para chegar no próximo compromisso. Sinta a atmosfera do lugar, ouça a trilha sonora impecável e mergulhe na gastronomia nada típica de Gramado.
Cambará do Sul: última parada da nossa rota gastronômica da Cozinha de Natureza
De Gramado a Cambará do Sul, mais 115km de expectativas para o grand finale da nossa rota da Cozinha de Natureza. Se até agora você tem dúvidas sobre como a experiência do slow food impacta no seu ritmo de viajar e viver novas sensações, ao chegar no restaurante Alma RS, que fica dentro do primeiro glamping do Brasil, o Parador, também da coleção Casa Hotéis, elas ficarão logo no portal de entrada.
O lugar em si já é um convite irrecusável para assistir a vida passar sem pressa. Ao lado do fogo, com fogão de lenha e aquele cheirinho que vem da cozinha perfumando os ambientes vai ficar ainda melhor. Se você programar sua visita para uma quarta ou sábado na hora do almoço, o churrasco campeiro feito no tradicional fogo de chão é a pedida.
Aos domingos, também no almoço, o restaurante serve o galeto preparado com a técnica do menarosto, um processo ancestral de cocção trazido ao Brasil pelos imigrantes italianos que consiste em assar a carne em roletes que ficam girando lentamente sobre a brasa. As reservas para não-hóspedes são obrigatórias qualquer que seja a refeição pretendida.
Com serviço de café da manhã, almoço e jantar, o restaurante Alma RS faz uma releitura dos pratos clássicos da gastronomia gaúcha trazendo para mesa os ingredientes sazonais e de pequenos produtores locais. Como manda a cozinha de natureza que vimos e provamos até agora. A carta de vinhos traz uma infinidade de rótulos brasileiros, o que imprime ainda mais autenticidade ao lugar. A natureza emoldurada pelas enormes janelas de vidro transforma o ambiente em uma galeria de arte viva.
Minha última passagem pelo Alma RS foi para provar o galeto ao Menarosto, num domingo de maio de 2021. Até hoje aqueles sabores estão vivos na minha memória, como o fogo que queima a lenha lentamente na cozinha do chef Bellora. Me diz, curtou o post Cozinha de Natureza? Conta pra gente nos comentários!!
Colaboração especial do @albertogmartins. Alberto G. Martins é Relações Públicas, apaixonado por turismo, gastronomia , hotelaria e foge de casa pra conhecer algo novo sempre que dá.
